Escritora, republicana e activista pela igualdade das mulheres,
Ana de Castro Osório foi uma mulher pioneira.
Considerada a fundadora da Literatura Infantil em Portugal,
criou a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas
O dia 8 de Março comemora o Dia Internacional da Mulher. Por isso, vou contar-te a história da vida de Ana de Castro Osório que, numa época em que as mulheres tinham muito poucos direitos e eram consideradas inferiores aos homens, marcou a diferença e contra quase tudo e todos lutou pela igualdade e pelos direitos das mulheres portuguesas. Nascida a 18 de Junho de 1872, em Mangualde, cedo começou a escrever e a considerar uma injustiça que as mulheres estivessem reduzidas ao papel de esposas, mães e donas-de-casa. E não se limitou a pensar, passou à acção. Criou a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e o Grupo de Estudos Feministas e escreveu livros e artigos que exortavam as mulheres a estudar e a trabalhar porque essa era, para ela, a única forma de se tornarem independentes dos homens e ganharem condições para lutar pelos seus direitos, como o de votar, por exemplo, que na altura era quase totalmente vetado às mulheres, ou o de terem salários iguais. Ainda hoje, mais de cem anos depois de ter escrito Mulheres Portuguesas, o primeiro manifesto feminista português, os salários continuam mais altos para os homens do que para as mulheres. Como vês, é uma luta que demora muito tempo a ganhar!
Casada com o poeta Paulino de Oliveira, membro do Partido Republicano, foi viver para Setúbal, onde iniciou a sua carreira literária. A partir de 1897, começou a publicar uma colecção, em fascículos, intitulada Para as Crianças, obra a que se dedicou durante quatro décadas, que só terminaria com a sua morte e que lhe valeu ser considerada a fundadora da literatura infantil em Portugal. Além de escrever histórias, romances e peças de teatro de sua autoria, traduziu muitos contos infantis de escritores como Hans Christian Andersen ou os irmãos Grimm. Depois da implantação da República (5 de Outubro de 1910), Ana de Castro Osório colaborou com Afonso Costa, ministro da Justiça, na elaboração da Lei do Divórcio (que, até aí era proibido).
A ida do marido para o Brasil, como cônsul em São Paulo, levou-a a viver lá durante três anos. E mais uma vez deixou a sua marca como professora e autora de livros, que foram adoptados pelas escolas brasileiras. De volta a Portugal em 1914, continuou a escrever e a ser uma activista incansável da causa das mulheres. Até à sua morte, em 23 de Março de 1935.
Fonte: Terra do Nunca [Notícias Magazine]
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